Quando chorar é o único remédio

Ó muro da cidade de Sião, corram como um rio as suas lágrimas dia e noite. [Lamentações 2.18] HÁ situações irreversíveis. Não se consegue voltar ao estado anterior nem alterar o rumo em que as coisas se encontram. Assim, chorar é o único remédio.

Veja-se, por exemplo, o encontro do profeta Eliseu com Hazael na capital da Síria em meados do século 9o antes de Cristo. Naquela ocasião, Hazael era oficial de Ben-Hadade, rei da Síria. Mas Eliseu sabia que Hazael se tornaria rei em lugar de Ben-Hadade e muito faria sofrer a Israel. Foi Deus quem mandou Elias ungir a Hazael rei da Síria (1Rs 19.15-17), por causa dos pecados de Acabe e Jezabel. Quando encontrou-se com Hazael, Eliseu olhou para ele, “e tanto lhe fitou os olhos que este ficou embaraçado” e o homem de Deus chorou (2Rs 8.11).

Por que Eliseu demorou-se tanto em olhar para os olhos de Hazael? Seria para observar detidamente aquele que deitaria fogo às fortalezas, mataria à espada os jovens, esmagaria os pequenos e rasgaria o ventre das mulheres grávidas de Israel? Teria se esquecido de tirar os olhos daquele gentio, absorto na lembrança de tudo que aconteceria a seu povo por decreto do Senhor e em consequência da corrupção nacional daqueles dias?

No dia seguinte, Hazael tomou um cobertor, molhou-o n’água e o estendeu sobre o rosto de Ben-Hadade, até que ele morreu. E começou a reinar. Tornou-se um flagelo contra Israel, nos reinados de Jorão, Jeú e Jeoacaz.

Há um ponto do caminho em que ainda é possível voltar atrás. Mas é necessário gritar que o primeiro passo acima dessa marca torna impossível o retorno. Restará apenas “certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários” (Hb 10.27).

Os que choram pela justiça serão consolados (Mt 5.4). Mas, aos impenitentes, será outro tipo de choro: “Ali haverá choro e ranger de dentes” (Mt 8.12; 13.42; 22.13). Senhor, que minhas lágrimas sejam expressões genuínas de arrependimento. 

>> Retirado de Cuide das Raízes, Espere pelos Frutos, [Elben César]. Editora Ultimato.